Polícia

Autoridades repudiam execução de jornalistas em Maricá

Perícia na rua de Araçatiba onde Romário foi morto. Foto: Plantão Enfoco

A morte de Romário da Silva Barros, de 31 anos, na noite desta terça-feira (18) mobilizou autoridades locais e entidades. O jornalista, que atuava como diretor do portal Lei Seca Maricá há nove anos, foi morto dentro do seu veículo na Rua Álvares de Castro, em Araçatiba, por volta das 21h50.

Esse é o segundo jornalista executado na região em menos de um mês. No dia 25 de maio, o advogado Robson Giorno, dono do Jornal O Maricá, também foi assassinado na porta de casa. De acordo com a Polícia Civil, caso segue em investigação e os autores do crime ainda não foram identificados.

O prefeito Fabiano Horta (PT) disse ser "inaceitável que em menos de um mês a cidade esteja passando pela segunda morte de um jornalista" e afirmou que cobrará respostas junto aos órgãos de investigação.

"Vamos cobrar uma ação rápida e efetiva do Estado para que os crimes sejam solucionados e uma resposta seja dada às famílias e a sociedade. Não aceitaremos a impunidade. O povo de Maricá cobrará uma resposta rápida e assertiva desses assassinatos. A cidade sente e manifestamos os sentimentos à família”, declarou.

A Prefeitura de Maricá afirmou em nota que a morte de Romário é "um atentado contra a liberdade de expressão. Maricá não é nem nunca será o santuário para delinquentes de qualquer espécie. Reforçamos nosso inteiro compromisso com a liberdade de imprensa e de expressão. Qualquer ato de violência deve ser repudiado".

A Câmara Municipal de Maricá declarou "profundo pesar pela morte violenta de Romário Barros. Deixamos nossas mais sinceras condolências aos familiares e amigos por essa inestimável perda".

O ex-prefeito de Maricá, Washington Quaquá (PT), classificou o assassinato como "gravíssimo, brutal e assustador". Sua esposa, a deputada estadual Zeidan Lula (PT) identifica "uma série de assassinatos de jornalistas em Maricá".

“Vou solicitar ao secretário estadual de segurança pública e à polícia civil a apuração criteriosa e urgente desses assassinatos. Estou indignada e triste com esse faroeste em nossa cidade. Fico triste pela perda desse jovem, responsável por um dos principais veículos de comunicação de Maricá. Pedimos justiça e conforto às famílias”, declarou.

Liberdade de expressão

Para o Sindicato dos Jornalistas do Estado do Rio de Janeiro, a sequência de mortes sinaliza para uma tentativa de intimidação da imprensa, colocando em cheque o preceito da liberdade de expressão. A entidade prestou também solidariedade aos familiares de Romário.

O Sindicato dos Jornalistas reafirma que, apesar desta lamentável  estatística de crimes  contra jornalistas, nada vai calar a liberdade de Imprensa e  o exercício da profissão.
 
É hora de dá um basta na violência, na intolerância, naqueles que acham que s pela força, pela violência, pelo  assassinato, vão calar os jornalistas, vão intimidar a Imprensa, vão acabar com o direito constitucional da liberdade de expressão e da Democracia.

Comoção

Romário era uma figura popular na cidade, onde atuava como jornalista há nove anos. Foto: Redes Sociais/Reprodução

A notícia comoveu entre familiares, amigos e moradores da cidade. A mãe de Romário esteve na cena do crime durante ao noite, enquanto ocorria a perícia policial. Ela precisou ser amparada por agentes da DH que realizaram exames de delito até às 2h da madrugada.

Há nove anos, Romário fundou o jornal Lei Seca Maricá, um dos principais veículos de comunicação da cidade. Ao longo de sua trajetória, foi se destacando pela maneira singular de narrar os fatos do cotidiano. Romário era casado e amante do futebol.

Poucas horas após policiais da 82ª Delegacia de Polícia (Maricá) confirmarem a morte, a população manifestou nas redes sociais seu apreço pelo jornalista. “A cidade perde uma importante voz, que estava presente em tudo”, disse um deles.

Romário será sepultado no Cemitério Municipal de Maricá. Os horários do funeral e do enterro ainda não foram definidos.

Eventos importantes previstos para acontecer nesta quarta-feira (19) na cidade de Maricá, como a inauguração da Lona Cultural Professor Luiz Carlos Viegas da Silva, em Inoã, devem ser adiados e anunciados em datas posteriores.

Investigação

A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá (DHNSG) esteve no local do crime para realizar a perícia ainda na noite de terça-feira (18). Conforme a Polícia Civil, a vítima foi executado com pelo menos cinco tiros na região da cabeça.

A distrital informou que os autores do crime ainda não foram identificados. "Foi realizada perícia no local e diligências estão sendo realizadas para esclarecer as circunstâncias". Não detalhou, no entanto, as linhas de investigação.

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